quarta-feira, 18 de novembro de 2009

The last dance.

Desarrumações, desamores, destemperos, despreparos, me acompanham todos.

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

A ilha.

Contando os minutos para deixar Joaçaba e voltar para Desterro, vulgo Florianópolis. É impressionante como fica cada vez mais difícil ficar longe daquela Ilha maldita, por mais que eu, reiteradamente, me identifique como um manezinho rebelde. Os problemas que eu sempre identifiquei continuam lá: você é valorizado pelo que aparenta ser, os ranços da mentalidade provinciana ainda abundam, mas... é só. O pior de lá ainda são as pessoas, mas só agora me dou conta de quão minoritária é a parcela de gente que faz não valer a pena.

E Deus salve o dia onze de agosto! Graças a ele vou poder ir ao McDonald's até terça-feira! Sim, nunca pensei que fosse sentir falta até disso, mas... O Brollo é bom, mas falta alguma coisa... Mais gordura trans!

quinta-feira, 30 de julho de 2009

Reserva do possível.

A nova moda agora por parte dos administrativistas é a invocação da bendita "reserva do possível" para tentar se eximir de sua responsabilidade em dar cabal cumprimento a direitos fundamentais. Isso me enche o saco e faz com que eu concorde com o nosso estimado professor de Direito Administrativo no que de mais revolucionário destila.

Partindo sempre dos mais rudimentares conceitos de constitucionalismo, a Constituição se presta a duas funções: reconhecer os direitos (de facere e de non-facere) e dotar a cidadania de garantias denominadas fundamentais, por um lado, e por outro fundar as instituições estatais: forma e sistema de Governo e de Estado, poderes e órgãos soberanos e, diria Kelsen, de que forma se põem as normas jurídicas, de caráter geral e impositivo.

O Estado Social, garantista, se coloca numa posição proativa na defesa dos direitos da cidadania. Apresenta a superação ao paradigma da não-intervenção estatal (o que comumemte se denomina de Direitos de Primeira Geração), que propõe justamente um "non-facere" - ou uma esfera de autonomia da vontade individual. Encarnando a "égalité", serve o Estado como espécie de prumo social, ao se comprometer a conceder a todos os cidadãos-jurisdicionados condições iguais, independentemente de quaisquer fatores discriminatórios. Dentre eles, as condições financeiras.

Em especial, no caso do direito à saúde, não se desconhece que a assistência social é dever de todos: do Estado, entendido em sentido amplo, da família, da coletividade. No entanto, não se pode impingir a sociedade civil organizada, creio eu, a responsabilidade que o próprio Estado assume na Constituição - e que, para satisfazê-la, cobra tributos.

Isto posto, chega-se ao cerne da questão: O Estado invoca o princípio da "reserva do possível" para se eximir de dar cumprimento a Direito Fundamental, ainda mais quando está a se tratar do direito à saúde - relacionado, de forma intrínseca, com a dignidade humana entendida em seu sentido científico e não como a barrigudagem dos desprovidos de melhores argumentos.

Entendo eu, diante disso, que se o Estado não cumpre seu dever fundamental é hora de revolucionar: o Estado que não cumpre o determinado por seu ato fundante perde a razão de ser, devendo ser substituído por outro que o cumpra.

Ou não? Refutem!

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Aleatoriedaes.

A temperatura não ajuda muito. Nuns dias chove, noutros dias bate sol, e a coisa aqui tá preta. Tosse que me agarrou e que não parece nem querer me largar, rinite dando - novamente - o ar da sua graça. As vicissitudes dessa vidinha mais ou menos. A mãe resolveu aparecer por aqui, o que é sinônimo de geladeira cheia e de casa limpa, o que faz com que eu me sinta, finalmente, como um universitário - às vésperas da formatura.

Nesse ínterim, falando em formatura, o segundo semestre letivo começa mais triste com o falecimento do compa Catatau. Ao que parece, envenenado. Pulularam, no entanto, informações dando conta de que teria sido ele espancado por alunos da Federal Rural do Rio que estavam no campus para o ENECO. Em horas como essa o "bom-mocismo" liberal-democrata, como diz o Fernandinho, sucumbe em face da doce lembrança da pêra anal.

***

De vez em quando, vou deixar de vagabundear para falar de algo que presta por aqui. O culpado é o Ligeiro e o blog dele.

sexta-feira, 24 de julho de 2009

As migalhas.

Bem, acabei abandonando esse blog em razão do perfil que, involuntariamente, ele ganhou. Poesia e sentimentalismo demais, textos autobiográficos demais e grandes demais. Ficou algo que é a minha cara, mas não sempre - afinal, nem só de uma cara se faz uma personalidade.

De qualquer forma, decidi é que não vou me ater às descrições sempre carregadas de nostalgia e/ou encantamento com o novo. De igual forma, não vou transformar isso aqui num Twitter, até por que só o Millôr consegue usar os cento e quarenta caracteres para exprimir uma ideia redonda, sem necessidade de maiores explicações.

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Rotina.

Estive em casa nesse fim de semana, para bater as fotos para a formatura e para cumprir alguns ofícios acadêmicos. Apesar de cada vez menos o parecer - até em razão das fotos batidas dois dias antes -, ainda sou universitário e ainda faço provas. Ainda entrego projetos de monografia - e ainda a faço, um dia quem sabe!

Alone between the sheets only brings exasperation
its time to walk the streets, smell the desperation
at least theres pretty lights and though theres little variation
It nullifies the night from overkill

Eu já ia me esquecendo do gosto de entrar em casa e encontrar a geladeira cheia. Ou de não ouvir o eco das gélidas paredes a cada clique do interruptor. Mas a sensação de entrar no apartamento na volta - que, cada dia mais sujo, é cada dia mais inconscientemente meu - me arrepiou a espinha: eu estava em casa. O sentimento é semelhante àquele que senti no sábado, quando o tilintar das chaves no tambor da fechadura da cozinha fez disparar o branco e felpudo alarme, que me recebeu com sua tradicional súplica por carinho em seu focinho gelado após transposto o obstáculo de madeira. Diferente, mas semelhante. Estava em casa a quatrocentos quilômetros de casa.

Só não me acostumei direito com uma coisa aqui: as mãos permanentemente geladas. Trabalho numa sala que em nada perde a qualquer câmara fria, e as tendências alérgicas, que, em nome do bom senso, mantem desligados os aquecedores, agravam a situação. Luvas não dá. Mais casacos, tampouco, já que o frio se localiza na extrema dos membros superiores. Aceito soluções heterodoxas, já que exauri as convencionais.

Sim senhores. Eu, filho único à quarta potência, lavando minhas próprias roupas. O darwinismo rumou à lavanderia.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Cá estou.

Causa estranheza como bem recebe o povo dessa terra. Tudo parece mais fácil e mais alegre, em absoluto contraponto com a frieza do clima. Se há na natureza equilíbrio, o calor que por vezes faz falta no dia-a-dia se aloja no coração das pessoas. De repente eles tenham os pés cronicamente gelados, já que o calor aqui no verão beira a insuportabilidade.

Da cozinheira ao chaveiro, passando pelos donos - e funcionários - de todos os estabelecimentos, os transeuntes e vizinhos, todos demonstram efetiva satisfação no bem-servir, entendido no sentido amplo. Esse sentimento contagia, e nos faz querer devolver as gentilezas sempre que possível. Afabilidade é algo que eu levaria comigo na bagagem de volta para a Ilha.

***

Enfim.
Oeste, símbolo O (ou W, do nome em inglês), para a geografia, é um dos quatro pontos cardeais da rosa-dos-ventos, que fica localizado à esquerda do observador, quando este se volta para o Norte.

O processo de instalação, apesar de não totalmente indolor, foi menos penoso que o esperado. Os móveis já estavam lá, apenas os rearranjei após a faxina de sábado. Sujeira da construção ainda. Mal de primeira locação. De qualquer forma, ficou tudo muito legal. Só falta chegar as outras coisas, que virão de Florianópolis, tais como televisão, máquina de lavar roupas e principalmente meus livros. Internet em casa assim que possível.

Ontem, desbravei - meio que sem querer - o Meio-Oeste de Santa Catarina. Me embranhando por rotas sempre erradas, e sempre belas, saí de Herval d'Oeste, onde moro, com rumo a Treze Tílias, ou Dreizehnlinden. Lindíssima cidade, que certamente merece o epíteto de Tirol brasileiro. Espero que o Tirol tirolês (ainda) seja assim; passamos na frente do único Consulado no Brasil localizado fora de uma capital de Estado, o - por evidente - austríaco. Acabamos parando em Caçador.
Roteiros de viagem:
IDA:
Herval d'Oeste - Joaçaba - Luzerna - Ibicaré - Treze Tílias -
Iomerê - Videira
--- Erro 1: tomar à direita na SC-303, saindo em direção
a Pinheiro Preto (e de volta à Videira). Desvio de rota de 10km.
Retorno.
Videira - Fraiburgo
--- Erro 2: tomar a SC-453, em direção a Fraiburgo e
Lebon Régis, ao invés de convergir à esquerda, continuando na SC-303.
Desvio de rota de 50km. Retorno.
Fraiburgo - Videira - Rio das Antas - Caçador
DISTÂNCIA TOTAL: 182km
TEMPO DE VIAGEM: 3:30h

VOLTA:
Caçador - Rio das Antas - Videira - Pinheiro Preto - Tangará -
Ibicaré - Luzerna - Joaçaba - Herval d'Oeste
DISTÂNCIA TOTAL: 99km
TEMPO DE VIAGEM: 1:30h

Hoje está sendo o primeiro dia na Procuradoria. Todos foram, como já virou rotina dizer, muito atenciosos. Esbocei qualquer coisa aqui, que está no aguardo de correção, e tirei um tempinho para saber o que houve no mundo nesses últimos três dias de isolamento.

terça-feira, 26 de maio de 2009

Ato final.

E eu digo, cá entre nós,
deixa o verão p'ra mais tarde.

Peço desculpas pela ausência de ontem. Cinco horas de viagem justificam qualquer indolência.

Cheguei ontem à noite para os derradeiros momentos em Desterro. A contagem regressiva começa amanhã - por sinal, dia em que tomarei posse, aqui mesmo na Procuradoria da República. É hora de abandonar (temporariamente) o blog e me despedir dos que importam - e dos que nem importam tanto.

domingo, 24 de maio de 2009

Go west!

Que nostalgia vem das tuas vagas,
Ó velho mar, ó lutador Oceano!
Tu de saudades íntimas alagas
O mais profundo coração humano.

Apartamento alugado. Excelente, diga-se de passagem. Pelo espaço, pela localização e, a primeira vista, também pelos vizinhos. Eu só não sei o que fazer com tanto espaço.

Ainda ontem visitei a vizinha cidade de Luzerna. A distribuição das construções não difere muito de Joaçaba e de Herval, que serpenteiam ao longo do Vale do Rio do Peixe. Lá, fui à casa de alguns conhecidos e ficamos para o café. O cair da noite por aqui é realmente muito bonito; combinadas, as cores do anoitecer e as nuvens formaram um espetáculo à parte. Uma boa forma de ser recepcionado.

Hoje fui à comunidade de Vista Alegre, no interior de Jaborá, distante algo como vinte quilômetros daqui de Joaçaba. Conheci uma criação de porcos - assamos parte de um deles - e larguei-me catar tangerinas, vulgo bergamotas, com a senhora minha mãe. Fedo cítrico até agora. Fartura até demais, e me refastelo só de lembrar do churrasco e das sobremesas.

Todos com quem conversei nesses dias me pareceram muito simpáticos. Tão simpáticos que me pergunto se não houve um movimento qualquer para que a rudeza fosse banida dessas paragens. Até um cara cuja frente cortei no trânsito hoje não buzinou, nem xingou, nem reclamou. Nem o merecido digitus infamis! Na verdade, estranho é a minha simpatia com todos; talvez o clima favoreça meu espírito, talvez esse ano de CAXIF tenha me trazido outra boa coisa além das grandes amizades que fiz, talvez seja um processo de defesa contra a iminente solidão. Quem sabe.

O trânsito aqui flui naturalmente devagar, e tirar o pé da tábua será um processo longo e certamente doloroso. A Rádio UNOESC é excelente, e comprovo com a playlist que peguei hoje: Beatles, Hard day's night; Rolling Stones, Miss you; Matisyahu, Young man; Queen, I want to break free.

Amanhã o dia é longo e cheio: assinar o contrato de locação do apartamento - cujas chaves já peguei -, pesquisar o preço dos móveis, abrir uma conta no banco, conhecer a Procuradoria da República e viajar de volta para Florianópolis, se possível à tempo de pegar a aula de D. Tributário. E a faculdade parece uma realidade cada vez mais distante...

sábado, 23 de maio de 2009

O que me espera.

Vim do norte vim de longe,
de um lugar que ja nem há;
Vim dormindo pela estrada,
vim parar neste lugar.

Ho arrivato!

Da janela do hotel, a casa de Rogério Sganzerla. Um cineaasta famoso, ao que parece. Confesso que nunca ouvi falar do filho mais ilustre de Joaçaba. Outro me é mais familiar, Paulo Stuart Wright, morto pela Ditadura Militar.

A viagem foi boa. Saímos às cinco da manhã e chegamos às dez, com direito a uma parada de meia hora para comer qualquer coisa e comprar um disco do Roberto Carlos, que embalou (por duas vezes) o trecho serrano da viagem.

As cidades - geminadas - são agradáveis. Típicas do interior. A sensação é boa e me sinto acolhido pela natureza, já que a cidade é encrostada num vale e cercada por íngrimes morros. Em Joaçaba, a Universidade fica bem no alto, e o prédio da Procuradoria da República é muito bonito. Pelo que vi, há quatro ruas "principais": a XV de Novembro e a Francisco Lindner, paralelas ao Rio do Peixe, e a Felipe Schmidt e a Getúlio Vargas, perpendiculares.

Do outro lado do rio, Herval D'Oeste parece se amontoar ao longo das margens. E é lá que me instalarei. Já fui ver o apartamento; minha impressão inicial: muitos, muitos metros quadrados. Muito mais do que preciso. E terei ainda uma vizinha de porta familiar. Só falta mandar pôr a rede e inventar coisas para enchê-lo - sofá, livros, uma televisão, livros, fogão, livros, geladeira, livros, computador, livros, uma cama. Além dos livros.

Agora, é fechar o contrato de locação e passear até segunda, quando veremos - mãe, tia e eu - os móveis para o apê. À tarde, conhecer o ambiente de trabalho. E ainda preciso estudar D. Empresarial.

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Um blog?

Descipiendo dizer que sempre precisei de um pouco de atenção. Talvez por essa razão eu beire os dois metros de altura, e fale naturalmente alto - o termo mais adequado seja, talvez, gritado. A par disso, volta e meia um ou outro amigo reclama de meu sumiço e pede para que eu encontre qualquer forma de me comunicar.

Nesses tempos em que meu sumiço beirará a perenidade, já que estarei desterrado a quatrocentos e quinze quilômetros desta ilha que boia no oceano com quase tudo o que há de mais importante na minha vida, manterei contato por aqui.

Vou contando um pouco do que observo, cheiro e sinto, e não há qualquer pretensão senão refletir as impressões de um gurizão do litoral que não vai à praia - mas que dela não prescinde - que pela força dos ventos se instala numa (não tão) pequena cidade fria e quente do Oeste catarinense.

Vou fugir dessa metrópole, a libertação
e seguir algum caminho que me leve ao sul
e nas manhãs do sul do mundo vou pelos campos, estradas e rios
e semear meu canto em campos de cereal

Do interior conheço pouco. Caçador, apenas, cidade da minha família materna e que esporadicamente visito, mais pelos familiares-amigos e menos pelos vínculos históricos ou familiares, num sentido clássico. Até por vir de um núcleo familiar pequeno, os que guardam vínculo mais longínquo de parentesco merecem mais atenção por se tornarem amigos que propriamente por ser família - não somos dados a visitas protocolares e aparentes saudades.

De lá, guardo boas lembranças, mesmo com a ausência de movimento que por vezes me incomoda, mas que não estranho de todo. Nunca fui o que mais saiu, e mesmo assim quando saio o destino geralmente é a casa de amigos ou algum lugar em que se possa beber e ouvir boa música.  De qualquer forma, ter opções para sair me alenta, e por mais que Florianópolis não seja a maior das cidades, há sempre bons (e poucos) lugares de confiança para aquela (cujo a mereceria o capitular) sexta-feira.

De Joaçaba, sei apenas que apesar de menor que Caçador, é mais movimentada. Amanhã veremos. O que pude ver de longe, confesso, me agradou. Mas o Rio do Peixe jamais será a Baía Norte...

quinta-feira, 21 de maio de 2009

O início.

Amanhã eu vou-me embora,
hei de ir, se Deus quiser;
Quem de mim tiver saudades,
guarde p'ra quando eu vier.

Cinquenta horas. O tempo que levei para abandonar uma carreira, uma iminente pós-graduação e um paradisíaco pedacinho de terra perdido no mar. Agora nada mais, além de dezenove dias, me separam de um mundo daqueles novos e desconhecidos. 

No bagageiro, uma máquina de lavar, uma cama, um narguile, um punhado de louça, alguns sonhos e muitas expectativas, tão ou mais numerosas que os livros que daqui carrego.