terça-feira, 26 de maio de 2009

Ato final.

E eu digo, cá entre nós,
deixa o verão p'ra mais tarde.

Peço desculpas pela ausência de ontem. Cinco horas de viagem justificam qualquer indolência.

Cheguei ontem à noite para os derradeiros momentos em Desterro. A contagem regressiva começa amanhã - por sinal, dia em que tomarei posse, aqui mesmo na Procuradoria da República. É hora de abandonar (temporariamente) o blog e me despedir dos que importam - e dos que nem importam tanto.

domingo, 24 de maio de 2009

Go west!

Que nostalgia vem das tuas vagas,
Ó velho mar, ó lutador Oceano!
Tu de saudades íntimas alagas
O mais profundo coração humano.

Apartamento alugado. Excelente, diga-se de passagem. Pelo espaço, pela localização e, a primeira vista, também pelos vizinhos. Eu só não sei o que fazer com tanto espaço.

Ainda ontem visitei a vizinha cidade de Luzerna. A distribuição das construções não difere muito de Joaçaba e de Herval, que serpenteiam ao longo do Vale do Rio do Peixe. Lá, fui à casa de alguns conhecidos e ficamos para o café. O cair da noite por aqui é realmente muito bonito; combinadas, as cores do anoitecer e as nuvens formaram um espetáculo à parte. Uma boa forma de ser recepcionado.

Hoje fui à comunidade de Vista Alegre, no interior de Jaborá, distante algo como vinte quilômetros daqui de Joaçaba. Conheci uma criação de porcos - assamos parte de um deles - e larguei-me catar tangerinas, vulgo bergamotas, com a senhora minha mãe. Fedo cítrico até agora. Fartura até demais, e me refastelo só de lembrar do churrasco e das sobremesas.

Todos com quem conversei nesses dias me pareceram muito simpáticos. Tão simpáticos que me pergunto se não houve um movimento qualquer para que a rudeza fosse banida dessas paragens. Até um cara cuja frente cortei no trânsito hoje não buzinou, nem xingou, nem reclamou. Nem o merecido digitus infamis! Na verdade, estranho é a minha simpatia com todos; talvez o clima favoreça meu espírito, talvez esse ano de CAXIF tenha me trazido outra boa coisa além das grandes amizades que fiz, talvez seja um processo de defesa contra a iminente solidão. Quem sabe.

O trânsito aqui flui naturalmente devagar, e tirar o pé da tábua será um processo longo e certamente doloroso. A Rádio UNOESC é excelente, e comprovo com a playlist que peguei hoje: Beatles, Hard day's night; Rolling Stones, Miss you; Matisyahu, Young man; Queen, I want to break free.

Amanhã o dia é longo e cheio: assinar o contrato de locação do apartamento - cujas chaves já peguei -, pesquisar o preço dos móveis, abrir uma conta no banco, conhecer a Procuradoria da República e viajar de volta para Florianópolis, se possível à tempo de pegar a aula de D. Tributário. E a faculdade parece uma realidade cada vez mais distante...

sábado, 23 de maio de 2009

O que me espera.

Vim do norte vim de longe,
de um lugar que ja nem há;
Vim dormindo pela estrada,
vim parar neste lugar.

Ho arrivato!

Da janela do hotel, a casa de Rogério Sganzerla. Um cineaasta famoso, ao que parece. Confesso que nunca ouvi falar do filho mais ilustre de Joaçaba. Outro me é mais familiar, Paulo Stuart Wright, morto pela Ditadura Militar.

A viagem foi boa. Saímos às cinco da manhã e chegamos às dez, com direito a uma parada de meia hora para comer qualquer coisa e comprar um disco do Roberto Carlos, que embalou (por duas vezes) o trecho serrano da viagem.

As cidades - geminadas - são agradáveis. Típicas do interior. A sensação é boa e me sinto acolhido pela natureza, já que a cidade é encrostada num vale e cercada por íngrimes morros. Em Joaçaba, a Universidade fica bem no alto, e o prédio da Procuradoria da República é muito bonito. Pelo que vi, há quatro ruas "principais": a XV de Novembro e a Francisco Lindner, paralelas ao Rio do Peixe, e a Felipe Schmidt e a Getúlio Vargas, perpendiculares.

Do outro lado do rio, Herval D'Oeste parece se amontoar ao longo das margens. E é lá que me instalarei. Já fui ver o apartamento; minha impressão inicial: muitos, muitos metros quadrados. Muito mais do que preciso. E terei ainda uma vizinha de porta familiar. Só falta mandar pôr a rede e inventar coisas para enchê-lo - sofá, livros, uma televisão, livros, fogão, livros, geladeira, livros, computador, livros, uma cama. Além dos livros.

Agora, é fechar o contrato de locação e passear até segunda, quando veremos - mãe, tia e eu - os móveis para o apê. À tarde, conhecer o ambiente de trabalho. E ainda preciso estudar D. Empresarial.

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Um blog?

Descipiendo dizer que sempre precisei de um pouco de atenção. Talvez por essa razão eu beire os dois metros de altura, e fale naturalmente alto - o termo mais adequado seja, talvez, gritado. A par disso, volta e meia um ou outro amigo reclama de meu sumiço e pede para que eu encontre qualquer forma de me comunicar.

Nesses tempos em que meu sumiço beirará a perenidade, já que estarei desterrado a quatrocentos e quinze quilômetros desta ilha que boia no oceano com quase tudo o que há de mais importante na minha vida, manterei contato por aqui.

Vou contando um pouco do que observo, cheiro e sinto, e não há qualquer pretensão senão refletir as impressões de um gurizão do litoral que não vai à praia - mas que dela não prescinde - que pela força dos ventos se instala numa (não tão) pequena cidade fria e quente do Oeste catarinense.

Vou fugir dessa metrópole, a libertação
e seguir algum caminho que me leve ao sul
e nas manhãs do sul do mundo vou pelos campos, estradas e rios
e semear meu canto em campos de cereal

Do interior conheço pouco. Caçador, apenas, cidade da minha família materna e que esporadicamente visito, mais pelos familiares-amigos e menos pelos vínculos históricos ou familiares, num sentido clássico. Até por vir de um núcleo familiar pequeno, os que guardam vínculo mais longínquo de parentesco merecem mais atenção por se tornarem amigos que propriamente por ser família - não somos dados a visitas protocolares e aparentes saudades.

De lá, guardo boas lembranças, mesmo com a ausência de movimento que por vezes me incomoda, mas que não estranho de todo. Nunca fui o que mais saiu, e mesmo assim quando saio o destino geralmente é a casa de amigos ou algum lugar em que se possa beber e ouvir boa música.  De qualquer forma, ter opções para sair me alenta, e por mais que Florianópolis não seja a maior das cidades, há sempre bons (e poucos) lugares de confiança para aquela (cujo a mereceria o capitular) sexta-feira.

De Joaçaba, sei apenas que apesar de menor que Caçador, é mais movimentada. Amanhã veremos. O que pude ver de longe, confesso, me agradou. Mas o Rio do Peixe jamais será a Baía Norte...

quinta-feira, 21 de maio de 2009

O início.

Amanhã eu vou-me embora,
hei de ir, se Deus quiser;
Quem de mim tiver saudades,
guarde p'ra quando eu vier.

Cinquenta horas. O tempo que levei para abandonar uma carreira, uma iminente pós-graduação e um paradisíaco pedacinho de terra perdido no mar. Agora nada mais, além de dezenove dias, me separam de um mundo daqueles novos e desconhecidos. 

No bagageiro, uma máquina de lavar, uma cama, um narguile, um punhado de louça, alguns sonhos e muitas expectativas, tão ou mais numerosas que os livros que daqui carrego.